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Como funciona o marketing eleitoral? Qual a relevância de se manter ativo nas redes sociais? É necessário gastar muito para atingir bons resultados?

Para responder essas perguntas, entrevistamos Airto Ferronato, professor e vereador em seu quinto mandato para você aprender com quem já tem experiência na área.

Ferronato já passou por diversas campanhas e vivenciou toda a transformação digital nos seus últimos 30 anos de política. Abordamos temas pertinentes para quem pensa em entrar no meio ou é curioso sobre o processo eleitoral brasileiro. Desde a importância de uma boa planilha no Excel até dicas para novos candidatos.

 

Confira os principais pontos da nossa conversa:

 

A influência da internet nas campanhas eleitorais dos últimos 30 anos?

 

 

“Hoje em dia, se tu visita 20 pessoas talvez tu incomode 15. Agora, se tu fizer um trabalho de mídia social ou nas diferentes mídias que nós temos hoje em dia tu deixa de visitar 15 pessoas, mas tu pode, com toda a tranquilidade, falar com 200. Mas, não adianta apenas mandar a mensagem. É necessário estar atento para acompanhar de perto o que dizem. Eles podem dizer que estão contigo ou conta comigo. Também podem dizer não estou contigo e não gosto disso. Ou podem dizer: antes de contar contigo, quero saber as propostas que tu tens. Hoje, a mídia é um instrumento bastante interessante, eficaz e muito rápido, mas também perigoso. Temos que saber como utilizá-lo”

 

Como definir o público-alvo durante uma campanha eleitoral?

 

 

“A definição do teu público-alvo começa dentro de casa. Eu vejo candidatos a vereador que buscam votos de todos os jeitos e esquecem de pedir votos pro tio, primo, cunhado, pro irmão do cunhado. As campanhas eleitorais precisam pensar no mais próximo. O mais próximo e o mais certo são aquelas pessoas do seu relacionamento estreito. Começando pela família, a tua vizinhança, amigos e colegas. Aqueles que mudam o posicionamento de última hora é perigoso, daqui a pouco não recebe voto nem dos familiares, precisamos ser o que sempre fomos”.

Qual é o foco ideal das redes sociais?

 

 

“É preciso ter um cadastro. O cadastro não é apenas o cadastro de nome, endereço e telefone. Temos que criar alguns códigos para saber: esse aqui é o número um, é o quente. Esse é o número dois, é o bom. O número em três vota em mim e o número 4 não vota. A outra codificação é definir quem é meu parente, quem é meu colega, quem é meu vizinho. Assim você consegue fazer uma campanha direcionada e pode conversar com as pessoas e sabe com quem está conversando. É necessário um cadastro inteligente. Antigamente, nós utilizávamos o cadastro para mandar santinho em papel. Se tu tinha nome e endereço já era o suficiente. Hoje em dia são outras necessidades. Se tu tem um cadastro bem organizado, tu tens condição de saber e até dirigir a tua mensagem.

As mídias são interessantes. Algumas hoje em dia tem uma força bem maior do que as outras. Quando surgiu o e-mail, aquilo foi um avanço muito interessante, faz tempo. Hoje, ainda, nós temos pessoas que conversam por e-mail. Então não podemos descartar isso. Agora, se nós mandarmos 10 mensagens por WhatsApp e 10 por e-mail, a tendência é tu receber de volta 10 ou 9 respostas pelo WhatsApp e 1 ou 2 de e-mail. Quem é que responde de volta no e-mail? Aquelas pessoas que só usam o e-mail”.

 

Qual a importância do WhatsApp em uma campanha eleitoral?

 

 

“Além das formas tradicionais de contato, hoje em dia você tem as mídia eletrônicas. O WhatsApp veio providenciar uma comunicação muito eficiente e muito rápida. O segundo passo da minha campanha é uma comunicação de mídia. Assim como eu mando o meu santinho pra ele avisando que sou candidato, eu mando uma mensagem via Whatsapp avisando que sou candidato. Isto te da uma velocidade extraordinária de levar informação. Também te da uma facilidade extraordinária dele espalhar a notícia da tua candidatura através de uma mensagem extremamente rápida”.

 

Um conselho para novos candidatos

 

 

“Sempre existiu a ideia da campanha milionária e sempre foi verdadeira que a campanha milionária ajuda bastante. Mas também é uma verdade que muita gente endinheirada perde a eleição. O dinheiro ajuda na campanha, mas também ajuda a perder. Muitas coisas podem não trazer benefícios para a campanha. O começo de um grande trabalho é iniciado no planejamento, foco e proposta”.